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Excesso de velocidade: mesmo conscientes do perigo, condutores admitem que cometem a infração com frequência

 O excesso de velocidade é a infração mais cometida, ou a mais flagrada, no Brasil, de acordo com dados do RENAINF – Registro Nacional de Infrações de Trânsito, sistema coordenado pelo Departamento Nacional de Trânsito (Denatran).

O curioso é que a maioria dos condutores tem a consciência do quanto essa atitude é perigosa. Além disso, do quanto estão errados. Mesmo assim, muitas vezes não respeitam os limites de velocidade.

Em paralelo, conversamos com Cristina Rezende, psicóloga especialista em trânsito. Ela também é perita examinadora do Detran do Mato Grosso e diretora de Federadas da ABRAPSIT – Associação Brasileira de Psicologia de Tráfego, sobre a constância desse comportamento dos brasileiros ao dirigir.

Confira!

Portal do Trânsito: Para que servem os limites de velocidade no trânsito?
Cristina Rezende: Os limites de velocidade são importantes para que possamos ter um trânsito mais seguro. Estudos realizados revelam que o excesso de velocidade mata mais do que dirigir alcoolizado.

O cérebro demora pelo menos um segundo para reagir diante de um novo estímulo. A 80km/h, em pista seca, o carro percorre 22 metros neste tempo, antes de o motorista pisar no freio. Essa constatação com embasamentos científicos da estrutura psíquica, nos leva a entender que dirigir acima do limite pode e é um dos riscos mais problemáticos que um condutor toma para si. Logo, estar acima do permitido significa estar desprotegido nesse sentido, pois o impacto que seu veículo tem sobre você aumenta drasticamente a cada 10km por hora de velocidade a mais. Circular dentro da velocidade permitida na via ajuda a evitar acidentes, justamente pelo controle das reações do motorista diante de obstáculos ou riscos.

Portal do Trânsito: De que modo a tendência de redução dos limites de velocidade nos centros urbanos ajudaria nesta questão?
Cristina Rezende: Manter a velocidade nos centros é mais do que importante para preservar a vida, é um ato de cidadania. Estima-se que mais de 1 milhão de pessoas morrem por ano, vítimas de atropelamento, nas cidades brasileiras.

As ruas da cidade não são lugar para corridas de carro. A velocidade inadequada reduz o tempo disponível para uma reação eficiente em caso de perigo na via. Em alta velocidade, muitas vezes não há tempo suficiente para evitar um acidente.

Portal do Trânsito: Por que, no Brasil, tal infração ainda é a mais cometida ou a mais flagrada?
Cristina Rezende: É verdade, o excesso de velocidade é considerado uma das principais causas de acidentes graves, além de ser uma das mais cometidas pelos motoristas em todo o País. Podemos dizer que esse tipo de infração está intimamente ligada às atitudes baseadas nas vivência sistêmicas do condutor. Onde suas crenças, com base nos seus valores e na sua moral, vão definindo comportamentos e atitudes. Logo, entender a necessidade de realizar campanhas educativas, não pontuais, mas sim continuadas, é fundamental para a conscientização de toda a sociedade. Diante disso, somente o comportamento individual é que vai, efetivamente, preservar as vidas dos envolvidos no trânsito. Só a educação muda comportamento e promove uma convivência mais segura entre os diferentes usuários do trânsito.

Portal do Trânsito: O que explica o comportamento dos condutores em dirigir em alta velocidade mesmo sabendo dos riscos legais e de vida (deles e dos demais)?
Cristina Rezende: O bom senso manda que a velocidade do veículo seja compatível com todos os elementos do trânsito, principalmente às condições adversas. Neste caso, precisamos começar com a reflexão pautada no princípio da ética. Onde a compreensão da inserção ao processo social se estabelece no respeito e na deferência pelo próximo. Saber lidar com as condições que determinam os meus deveres, garantindo meus direitos, assim falamos de educação social em um processo continuado, este que nos leva à cidadania.

Portal do Trânsito: Podemos dizer que existe um perfil específico de condutores que agem dessa forma? Se sim, qual?
Cristina Rezende: Não específico, mas podemos dizer que o perfil desses condutores tem como referências suas características psicossociais que se constituem pelo sistema de personalidade e do ambiente inserido, incluindo os estilos, práticas educativas parentais e a influência do grupo de iguais, bem como aspectos sócios- demográfico-culturais da família e da socialização do condutor, como os valores e ideologia familiar, clima familiar e a influência dos pares e meios de comunicação.

Portal do Trânsito: De que forma os CFCs, órgãos do trânsito, prefeituras, e até mesmo as montadoras de veículos poderiam contribuir para a redução desses dados?
Cristina Rezende: Educação, orientação e fiscalização a partir de uma abordagem sistêmica e multifatorial do fenômeno.

Uma ação integrada onde a responsabilidade deve ser compartilhada entre governo, indústria e organizações não governamentais. Contando com o empenho e a contribuição de todos os setores relevantes, incluindo transportes, saúde, educação e os encarregados da aplicação da lei, promovendo um envolvimento da sociedade na ressignificação das dinâmicas dos valores e da ética, para uma maior valorização da vida.

Portal do Trânsito: Por fim, o que poderia ser feito para melhorar a fiscalização do excesso de velocidade?
Cristina Rezende: Convencer o público dessa conduta infracional pode ser difícil. A forma como é realizada a fiscalização de velocidade define se o seu principal efeito será alcançado. Em geral, precisa-se de recursos consideráveis para a organização da fiscalização com uso radares portáteis móveis completada por radares fixos em locais de alto risco. Antes de mais nada, vai depender também de uma ampla campanha de publicidade dirigida ao público, de modo a aumentar a percepção de que está ocorrendo uma fiscalização generalizada.

A fiscalização da velocidade realizada de forma bem ostensiva, aplicando relação distância sobre tempo (d/t) em dispositivos de medição da velocidade de um veículo fornece um método eficaz e indiscutível em áreas urbanas ou rurais. Em outras palavras, esses instrumentos são utilizados pela polícia quando o veículo em alta velocidade é inicialmente observado e seguido, até pouco antes do ponto de interceptação quando o instrumento é novamente acionado.

Esse método usa o velocímetro e o hodômetro da polícia para fornecer a velocidade média ao longo da distância observada. Nesse sentido, ele dá uma avaliação mais equitativa da velocidade do infrator. Dessa forma, eliminando as desculpas do tipo: “estava só ultrapassando outro veículo”, “estava só acompanhando o trânsito” ou “só acelerei por pouco tempo”.

Opinião do especialista sobre o excesso de velocidade
Para Celso Alves Mariano, que é especialista e diretor do Portal do Trânsito, o excesso de velocidade é o protagonista dos acidentes mais graves. Além disso, ao contrário de outros esportes de velocidade ou, onde o praticante está arriscando a sua própria vida, dentro de uma contexto pré-estabelecido, os acidentes de trânsito causados por excesso de velocidade muitas vezes levam consigo vidas de pessoas inocentes.

FONTE: Portal do Transito

6 de agosto de 2021

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